28/08/2011

Dra. Gretta fala..


Trabalhar com a linguagem do palhaço foi uma decisão feita a mais ou menos uns 7 anos, e a partir daí a busca pela técnica não parou.
Ao entrar em contato com um documentário que falava sobre as visitas de profissionais da linguagem do palhaço dentro de hospitais, a vontade de querer fazer esse tipo de trabalho fez com que nossa companhia, a Traço Cia. de Teatro, batalhasse para que um projeto parecido fosse aprovado. Foram mais de 3 anos batalhando para que o projeto pudesse acontecer com qualidade.
Querer colocar minha palhaça, Gretta Panschetta, nesse novo ambiente, diferente dos palcos e ruas, é provocar e descobrir mais sobre o palhaço, pois diferente do “teatro normal” a situação das pessoas (plateia) no ambiente hospitalar é relacionado à dor e o quê eu como palhaça vou fazer ali? O que é que eu sou ali? Como a arte serve na cura ou prevenção da saúde? Parecia tudo muito distante, mas já no primeiro contato com o hospital, com os olhos de cada criança, com a risada dos pais, com a brincadeira que o médico se permitia fazer... Opa! Tem algo muito importante de eu estar nesse ambiente.
Da criança nos esperar na outra semana e perguntar se nosso casamento deu certo, de quando colocamos os olhos e narizes nas portas e os sorrisos já apontarem no rosto de cada pessoa no quarto. De dentro daqueles 15 minutos, e quem sabe quanto tempo mais isso se prolongue, eles simplesmente embarcarem no universo que está sendo criado e esquecerem o porquê de estarem ali. De ao entrarmos no quarto e nos apresentarmos como doutores eles nos apontarem o soro e de repente nós fazemos aquela bagunça, o número musical que ensaiamos, o qual precisamos de ajuda, porque não estamos conseguindo e depois de 10 minutos a criança simplesmente esquecer o soro e nos chamar ao final e nos parabenizar por conseguirmos e aí fazermos a festa juntos. De uma mãe falar “vocês fazem a gente levar uma imagem boa do hospital”.
Nós, palhaços doutores, estamos ali para levar arte e convidar as pessoas a entrarem no nosso mundo e se permitirem criar juntos sem precisar contar o porquê estão ali.
Conseguir o apoio para o projeto e realizá-lo somente após a verba, não é se preocupar com o quanto irá render a alguém, mas levar qualidade e seriedade para essa “brincadeira” de quartos e corredores, querendo realmente transformar o ambiente hospitalar.
Esse é só o começo de um longo projeto, há muito que aprender e há muito que oferecer. Sou uma atriz palhaça em constante transformação.

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